Quando pequeno, tinha no tamanho – e não no valor – dos presentes o suprasumo da realização como criança. Lembro que ganhei um caminhão de madeira num desses natais em família; o caminhão em si era pequeno, mas grande era a caçamba que fazia volume no papel de presente.
Ali cabiam latinhas, carrinhos, soldadinhos verdes e todos os brindes de Kinder Ovo que eu tinha. E ali, naquele espaço de tempo, não poderia pedir mais nada – porque não imaginava algo que pudesse ser maior que aquela caçamba, por sua vez maior que eu mesmo.
Quão simples?
Até então, nunca mais havia refletido a respeito. Foi necessária mais de uma década até entender que a verdade aparente diz respeito verdadeiramente ao valor do presente, seja ele subjetivo, escondido, atrelado ao que foi escrito ou mesmo desconhecido.
Jamais o tamanho. Nunca o preço.
Ninguém quer o mundo, porque todo esse mundo só quer um agrado. Quem não o tem, sabe se tornar amargo. E daí é que não se pode esperar nada.
De fato.
Dificilmente se pode obter um abraço sincero de quem tem no orgulho o sentimento máximo de passar por cima dos outros quando não consegue o que quer; dificilmente se pode colocar culpa em quem surrupia a estupidez daqueles que abrem as portas de casa para depois serem criticados pelas costas.
Felizes os que fogem às regras da generalização. Quem, apesar de tudo, se emociona com a intenção e vê o que é de verdade e pode perdurar.
A esses, vale meu melhor de cada dia.